sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Passeio noturno

Ontem, mais uma vez, experimentei fazer meu amável cãozinho se exercitar um pouquinho para manter a forma. Para fugir do sol escaldante que assola nossas praias, resolvi que a empreitada seria à noite, quando todos os gatos (ou seria cães) são pardos! Às 22:30h, vesti a cobaia com seu uniforme de ginástica (aquela coleira peitoral vermelha brilhante com uma guia retrátil para dar maior agilidade). Minha simples aproximação do armário onde o paramento é armazenado fez o cão-leão pular "dans sa peau". Lá fomos nós, saltitantes, rumo ao calçadão de Copa com a promessa de uma brisa do mar.

Mas, porém, contudo, entretanto, todavia, ao virar a primeira esquina do trajeto, parecia que a língua do Sheik já não cabia na boca. Observei com atenção sua coloração, pois aprendi dia desses com uma amiga, que se esbranquiçar... JÁ ERA! O pobrezinho pode sufocar. Dizem que os cães não suam e que a troca de calor se dá exclusivamente pela língua. Êta sistema térmico pré-histórico! Enfim, como a língua do sujeito estava rosadinha, relaxei e continuei o trajeto moderadamente.

É divertido ver como o Sheik é um cachorro altamente sociável. Parece que todos que ele encontra são seus amigos há anos! Acho que sofre de algum distúrbio psiquico: projeta para si uma imagem cor-de-rosa de qualquer ser vivo. Quer cheirar todos os cães, brincar com todas as pessoas (em especial os mendigos, não me perguntem por que!), marcar território em cada poste, além de correr desenfreadamente quase à exaustão! Uma verdadeira aventura! E desgastante!

Já no terceiro quarteirão, o porte do bichinho já não era o mesmo... A cabeça já não estava lá tão altiva e o espanador (leia-se: rabo) já estava tirando a poeira do asfalto. Um desempenho pífio, para dizer o mínimo, considerando se tratar do "NINJA DOS CARPETES", "Aquele que elimina o mal pela raiz", o "destruidor de patinhos indefesos". Fiquei imaginando que até O Pato teria conseguido resultado melhor! Francamente...

Imaginem vocês que mal chegou ao destino, Sheik esparramou-se para encostar a barriga na calçada mais famosa do mundo, pensando talvez que ali seria o seu paraíso. Vencera com algum sacrifício o desafio de sua ainda curta vida: percorrer os 4 quarteirões que separam seu QG do mar. Nesse momento, parecia o dono do pedaço e não consegui demovê-lo dessa idéia nem à força. Deixou a areia penetrar delicadamente nos pêlos, provavelmente para guardar consigo uma recordação do momento glorioso, depois, sorrateiramente, aproximou-se de um quiosque onde alguém animava os passantes com um violão. Cenário perfeito para um carioca zona sul, não fosse o fato de que lhe faltavam as forças necessárias para percorrer o trajeto de volta.

Ninguém é perfeito. Todo o orgulho do vencedor foi quebrado com a retirada pouco honrosa... no meu colo! É, amigos, quase 23h, o termômetro registrava 32ºC no Rio de Janeiro e eu não preciso lembrá-los de como o Sheik é quente! A robusta pelagem parece cobertor da NASA! O passeio se extendeu por mais um bom tempo, já que não dava pra prosseguir com ele no meu colo e tive que esperar sua recuperação. Com muito custo e muitas paradinhas, conseguimos voltar pra casa e para o ar condicionado a fim de desfrutar de merecido descanso... pra nós dois!

Never more...

Inté.